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A cura

Paracelsus: "O que cura é o amor."

O desalento e o desespero

Segunda-feira, 31.10.16

Para nunca cair no desespero, é preciso saber à partida que, o que quer que se queira fazer na vida, mesmo as melhores coisas, será necessário enfrentar o mal sob a forma de dificuldades e de obstáculos. Não ver o mal é perigoso. Aquele que nunca vê o mal não toma precauções, não faz nada para arranjar as coisas ou neutralizá-las e acaba por cair numa armadilha. Paga-se sempre muito caro a sua ingenuidade, e paga-se primeiro que tudo pelo desânimo. Quem está cheio de ilusões, na primeira ocasião difícil perde o equilíbrio e cai.

O desânimo está sempre à espreita, mas existem métodos para lhe fazer frente. Quando começardes a sentir-vos acabrunhados, abatidos, a primeira coisa a fazer é dizer a vós próprios que esse estado não durará. Por um momento, refugiai-vos em vós mesmos, como se entrásseis em hibernação, e permanecei assim até encontrardes de novo o alento. O desânimo é como o inverno; mas depois do inverno regressa a primavera. Conforme os anos, ele vem mais cedo ou menos cedo; às vezes vem muito tarde, mas acaba sempre por chegar. Por isso, nunca se deve perder completamente a esperança. Num momento ou noutro, mais tarde ou mais cedo, o vosso entusiasmo e a vossa energia voltarão. Quantos não desistiram apenas alguns instantes antes das forças da primavera ressurgirem neles! E foi pena, eles iam finalmente ser salvos, mas não pressentiram nada da renovação e perderam-se… 

Deter-se naquilo que corre mal é muito prejudicial, pois desse modo o que é mau torna-se ainda pior. Quaisquer que sejam os vossos tormentos, nunca deixeis obscurecer completamente o vosso céu interior. Dizei a vós mesmos: «Talvez nem tudo esteja ainda perdido, esperemos mais algum tempo.» Pouco a pouco, a escuridão dissipar-se-á e o frio deixar-vos-á.
Na vida – é preciso saber isto! – é-se sempre obrigado a passar por períodos difíceis, por vezes muito difíceis. Na terra é assim, está-se necessariamente sujeito às alternâncias: o dia e a noite, o calor e o frio, a alegria e a dor, a primavera e o inverno. É preciso aceitar e aprender a trabalhar com esses elementos, porque – não alimenteis ilusões! –, quando tiverdes conseguido triunfar em certas provas, outras virão. Mas, fortalecidos pelas experiências anteriores, podereis sair vitoriosos em cada situação.
Não vos digo que, o que quer que aconteça, se deva repetir ingenuamente: «Eu estou feliz, eu estou feliz.» Digo-vos simplesmente que as dificuldades não são sinónimo de infelicidade definitiva e que elas não vos impedirão de ser felizes, o que é diferente. O sofrimento, a infelicidade, são realidades terríveis que é absolutamente impossível negar. Mas, seja o que for que vos aconteça, podeis fazer um trabalho pelo pensamento que vos permitirá não só aguentar as dificuldades, mas até sair delas enriquecidos. E essas riquezas não podeis guardá-las para vós: pela vossa atitude, pela vossa forma de encarar os acontecimentos, partilhá-las-eis com os outros.
Por que achais que a felicidade deve vir unicamente sob a forma que esperais? Tendes tantas possibilidades diante de vós! Mas não as vedes, não quereis vê-las, apegais-vos à ideia que tendes delas. Esperais que uma determinada porta se abra para vós, mas ela permanece fechada. Então, em vez de vos lamentardes diante dessa porta, pensai que poderão existir outras, ao lado, que se abrirão. Esperais coisas boas de alguém, mas não só essa pessoa não vo-las dá, como se mostra desagradável ou ingrata.
 

 

Muito bem, em vez de vos deixardes abater por essa decepção, olhai um pouco melhor à vossa volta: existem outras pessoas que estão certamente prontas a ajudar-vos; se permanecerdes concentrados na vossa decepção, unicamente ocupados a enviar maus pensamentos àqueles que vos decepcionaram, não vereis esses outros amigos que vêm ter convosco. É nesse sentido também que as dificuldades são úteis: elas obrigam-vos a fazer ou a descobrir o que não faríeis ou não descobriríeis sem elas.
Então, tomai consciência de que, muitas vezes, é por causa da vossa atitude negativa que não encontrais soluções para as vossas dificuldades. E por isso a vida continua a sacudir-vos, dizendo: «Mas, afinal, tu és cego, és surdo? Acorda, vê todas as outras possibilidades que se apresentam à tua volta!» E o que eu vos digo a vós, digo-o também a mim. Aliás, é precisamente porque fiz milhões de vezes estas experiências que eu posso falar-vos delas para vos ajudar. Pensais que eu poderia falar-vos assim se não tivesse vivido também grandes provações?
Quando, diante de certas dificuldades, sentis chegar o desalento e o desespero, não os considereis como inimigos que não têm o direito de vos atacar. Infelizmente, eles têm esse direito. É preciso, pois, aceitar os seus ataques sabendo que, graças a eles, muitas coisas correrão bastante melhor a seguir. E é verdade que, depois de um grande desalento, tendes energias incríveis. De onde vieram essas energias? Foi o desalento que as trouxe. É assim mesmo! Claro que é preciso ser prudente e evitar que o desalento não seja mais forte do que vós, que ele não vos arraste, como uma corrente poderosa que acaba por afogar-vos. Aceitai-o como algo inevitável, mas ficai atentos. Sim, eis mais um exercício.
Então, de agora em diante não peçais para não perderdes o ânimo; pedi somente para compreenderdes bem esse estado, porque ele traz riquezas, tesouros incríveis: a primavera que se segue ao inverno.

De Omraam Mikhaël Aïvanhow

Céu de Agartha

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