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Jaroslaw Smirnow, conhecido como “russo loco”, leva uma vida nômade. Percorreu 135 países em cinco anos sem utilizar dinheiro – em troca de alojamento e itens básicos, oferece trabalho, informação e criatividade, a exemplo de tribos indígenas. Hoje, após dois anos e meio rodando pela América Latina, Smirnow está no Uruguai. Seu único objetivo? “Cumprir seu sonho e ser ele mesmo”, responde.
"Russo loco"
“Não fui eu que escolhi esse nome, me colocaram esse apelido na TV Azteca, no México”, conta Jaroslaw à Gazeta Russa. “É uma grande marca que gruda na cabeça das pessoas. Além disso, eu a registrei nos EUA, então, podemos dizer que eu sou oficialmente o único ‘russo louco’”, brinca. “Eu gosto deste nome, pois só os loucos podem mudar o mundo, e, de facto, o transformam.”
Segundo Jaroslaw, ele começou a viver como um adulto ainda muito jovem. Aos 12 anos, já tinha uma pequena loja e vendeu comida na praia. A partir do 15, o russo saiu de casa dos pais para entrar na faculdade como parte de um programa especial para crianças prodígio. “Mas eu não acho que eu tenho um talento sobrenatural, eu apenas gosto de física e ciência em geral”, diz Jaroslaw.
Aos 18, Jaroslaw foi estudar na China, mas abandonou o curso duas semanas depois de chegar ao país, porque enxergou “muitas possibilidades de fazer negócios em Hong Kong, abrir minha própria empresa; ao mesmo tempo, conheci a minha ex-mulher, e começamos a viver juntos”, continua.
“Sim, eu, provavelmente, já tomei muitas decisões rapidamente, talvez rápido demais”, brinca o russo.
Depois de 8 meses, porém, cansou-se da rotina. “Não era somente chato, mas eu me sentia perdido. Tinha dinheiro, status, uma bela mulher ao meu lado, mas eu não podia viver como uma máquina, um robô, fazendo a mesma coisa todos os dias. Isso me mantava por dentro”, diz Jaroslaw. Foi assim que surgiu a ideia de “desafiar a si mesmo” e “ter uma biografia melhor que qualquer roteiro de filme”.
Jaroslaw deixou sua empresa, fechou suas contas bancárias, pediu divórcio para a mulher e jogou todo o resto para o alto por um sonho. Primeiro foi para o Tibete, onde passou seis meses como um monge. “Era um sonho desde pequeno”, diz. Na sequência, o russo embarcou em uma vida nômade, que hoje já dura cinco anos.
Viagem ‘louca’ e ideias ‘loucas’
O mais curioso sobre as viagens de Jaroslaw é que ele não paga pelos serviços com dinheiro, mas recorre ao princípio da troca – de conhecimento, informação, criatividade e experiência em algo que a pessoa precise. “Como fazem nas tribos”, explica. Desse modo, por exemplo, cruzou o Atlântico, a partir de Gran Canaria (Espanha) até New Jersey (EUA), como parte da tripulação de um veleiro.
Além disso, o russo prefere se hospedar nas casas de moradores locais, uma vez que, segundo ele, é “a melhor maneira de conhecer a cultura e as tradições do país”.
Jaroslaw percorreu até então 135 países, e, além de ter “trabalhado” como monge no Tibete, participou de um projeto na Tanzânia, protegendo leões de caçadores, e tem uma empresa que organiza passeios individuais para lugares exóticos.
Jaroslaw organizou festivais de música eletrônica no México e na Guatemala, trabalhou como fotógrafo freelance para a revista “National Geographic” (segundo ele, “não por ser o melhor fotógrafo do mundo, mas porque chegou a lugares que quase ninguém havia estado antes”), e colaborou com órgãos internacionais, como ONU e Unicef, em países arrasados por guerra como Sudão e Congo.
Além de tudo isso, chegou a atuar como toureiro no México, onde estudou na Academia de Guadalajara. “Não mato os touros, me dá pena. Sou a favor da nova versão, algo entre acrobacias e corrida, sem martirizar o animal nem fazê-lo sangrar.”
O “russo louco” também trabalha como consultor em diversas empresas e já deu dezenas de conferências internacionais. “Amo falar em público, sobretudo quando se trata de uma plateia grande, com mais de mil pessoas. É melhor do que sexo”, diz.
“Se quiser conseguir alguma coisa, trate de fazer seu sonho virar realidade. É preciso coragem para mudar a própria vida. Você tem que se mexer todos os dias, trabalhar duro para chegar onde quer. Não há segredos ou receita mágica. Basta ser corajoso.”
Nota:
De facto é preciso alguma dose de coragem para fazer o que este russo faz, que é "colocar os pés a caminho" atrás do seu sonho.
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Fonte e fotos:
Gazeta Russa