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A cura

Paracelsus: "O que cura é o amor."

As nossas casas cada vez mais mecanizadas, tecnológicas e tóxicas para a saúde

Quinta-feira, 19.01.17

Marcelina Guimarães e Miguel Fernandes, especialistas em bio-habitabilidade e geobiologia, recorrendo a estudos científicos para fundamentar os seus conhecimentos, apresentam o livro ‘Uma Casa Mais Saudável, Uma Família Mais Feliz’. O objectivo é ajudar as pessoas a tornarem as suas casas mais saudáveis.

De que forma o nosso habitat mudou nos últimos anos?

Marcelina Guimarães – Diria que, para além do habitat, mudou também o grau de exigência dos portugueses.  De uma forma geral, sentimos que os portugueses procuram mais conforto e bem-estar, mas nem sempre fazem as opções mais corretas do ponto de vista da sua saúde. Tal deve-se simplesmente ao facto da existência de falta de informação ou acesso a informação contraditória.

 

Na verdade, o mercado oferece-nos uma série de materiais/objectos de construção e decoração bem como equipamentos/tecnologia que constituem muitas vezes fontes de contaminação ambiental, que nos são vendidos como inócuos. Um bom exemplo disso é o caso do colchão. Na nossa actividade profissional, temo-nos apercebido de que muitas pessoas pagam valores exorbitantes pelo colchão onde dormem, exactamente porque têm consciência do impacto que este exerce sobre a sua saúde, mas infelizmente nem sempre fazem a escolha acertada.

 

Apesar do crescente aumento de exigência, por uma parte cada vez maior da população, o nosso habitat tem evoluído no sentido oposto. Isto porque o habitat está cada vez mais tecnológico, mecanizado e tóxico, em virtude da panóplia de compostos químicos existentes no interior das nossas casas, associados a tintas, materiais sintéticos, isolamentos, mobiliário, ambientadores, etc.

 

Quais são então os principais problemas nas casas portuguesas que afectam o bem-estar da família?

Marcelina Guimarães – Os problemas que detectamos com maior frequência, em habitações já existentes, são: a existência de cablagens eléctricas, nas cabeceiras das camas, as quais geram por vezes elevados campos eléctricos alternos elevados; a existência de cabeceiras de camas encostadas à mesma parede onde se encontram os electrodomésticos (por vezes a funcionar em bi-horário) da cozinha, cilindros de aquecimento, quadros eléctricos, etc. Também detectamos a presença de elevados campos electromagnéticos de alta frequência elevados, provenientes de antenas de telemóvel (exterior), redes wireless existentes em casa e nos vizinhos, etc.; a presença de radiações naturais, extremamente nefastas, em locais de longa permanência humana, em especial os quartos;

 

Os elevados níveis de radão em algumas regiões do país; elevados índices de humidade relativa; a ausência de espaços verdes e/ou plantas quer no exterior das habitações, quer no interior das mesmas; e a utilização de sistemas de iluminação (lâmpadas/candeeiros) desadequados, entre outros.

 

É possível de facto uma casa provocar doenças? Podem dar exemplos?

Marcelina Guimarães –  Sim. A ciência tem-nos vindo a comprovar uma relação causa-efeito cada vez mais evidente. Temos o caso do radão vs cancro do pulmão, o caso da contaminação electromagnética vs leucemias e tumores cerebrais, os excessivos níveis de humidade vs problemas respiratórios/pulmonares, entre uma variabilidade de sintomas e doenças que enumeramos no nosso livro “Uma Casa Mais Saudável, Uma Família mais Feliz” e que fundamentamos com referências científicas. Para os mais curiosos ou cépticos, aconselho vivamente a leitura do livro no seu capítulo 4, ‘As radiações e a saúde’.

 

De que forma então é que os eletrodomésticos interferem silenciosamente no nosso bem-estar?

Miguel Fernandes – Os eletrodomésticos facilitam muito a vida dentro de casa, mas é necessário usá-los de uma maneira correta. Na verdade, todos os eletrodomésticos são fontes de contaminação elétrica e eletromagnética. Muitos deles possuem motor incorporado e, como tal, potenciam o seu efeito contaminante. É um facto com a qual contactamos diariamente no nosso habitat.

 

Por um lado, todos os fenómenos que acontecem no ser humano são diretamente e indiretamente de carácter eletromagnético. Ou seja, os campos eletromagnéticos estão presentes na própria fisiologia natural do corpo humano que, por vezes, necessita de eletricidade para realizar muitas das suas funções biológicas, nomeadamente na atividade neuromuscular, na absorção de nutrientes na digestão e respetiva assimilação pelas células, etc.

 

Como se pode verificar o nosso corpo reconhece e convive pacificamente com os campos eletromagnéticos. No entanto, o nosso organismo não está preparado para enfrentar a sobre-exposição com a qual somos, hoje em dia, confrontados e nesse sentido quaisquer fontes de contaminação eletromagnética externa e extrema vai de um ponto de vista físico inevitavelmente interferir nesses fenómenos, podendo naturalmente perturbá-los.

 

Neste contexto, são várias as referências científicas entre a exposição à contaminação elétrica e eletromagnética e a existência de variada sintomatologia e/ou múltiplos problemas de saúde. Desde alterações ao nível do sono (insónias, sonambulismo, pesadelos), passando por alterações do comportamento/distúrbios nervosos (irritabilidade, stresse, ansiedade), depressão até doenças crónicas e oncológicas…

 

Por esta altura, os nossos leitores estão a questionar-se sobre a Internet wireless que está amplamente massificada em Portugal. Que perigos existem para a saúde?

Miguel Fernandes – São variadíssimos os estudos científicos que apontam para as consequências nocivas que a tecnologia wi-fi exerce sobre a nossa saúde. A OMS, através da “International Agency for Research on Cancer” (IARC), classificou em 2011 os campos eletromagnéticos de alta frequência originados por telemóveis, tecnologia wi-fi, etc., na categoria 2B, isto é, como agentes possivelmente cancerígenos.  

 

Mais especificamente, para ter uma ideia:

– Provoca o aumento da frequência cardíaca, do ritmo respiratório, etc.;

– Aumento do risco de cancro (nomeadamente leucemias infantis, cancro cerebral, cancro da mama, etc.);

– Aumento das reações alérgicas (asma, eczema, febre do feno/rinite alérgica, etc.);

– Aumento do risco ao nível da infertilidade;

– Etc.

 

O que se pode fazer em casa para minorar esses perigos do wi-fi?

Miguel Fernandes – A substituição desta tecnologia por outras mais seguras para a saúde, é a solução ideal.

 

Na verdade, existem alternativas de ligação à internet que não produzem as radiações que a tecnologia wi-fi emite e que passam por soluções bem mais simples, mais seguras e mais saudáveis como é o caso da utilização do cabo ou fibra ótica. Em última instância, limite a utilização da internet sem-fios ao estritamente necessário, desligando-a no router durante a noite.

 

Também é importante evitar a utilização de telefones sem fios, substituindo-o pelos tradicionais telefones, bem como de sistemas de alarme que funcionam com este tipo de tecnologia.

 

Neste contexto, é essencial sensibilizar a população e educar as nossas crianças sobre os perigos associados às radiações emitidas pela tecnologia sem-fios (wireless, telefones móveis, telefones sem-fios ou quaisquer outro dispositivo sem-fios).

 

Que maleitas uma casa problemática pode então causar?

Marcelina Guimarães – Evidentemente, nem todas as doenças têm esta origem ambiental, aliás, existem sintomas/doenças especificamente associadas aos espaços contaminados, são elas: distúrbios do sono, estados de ansiedade, stress, depressão, cansaço, dores de cabeça, doenças respiratórias, alergias, doenças crónicas (síndrome fadiga crónica, fibromialgia, etc.), doenças neurodegenerativas, leucemias, tumores, etc.

 

Num mundo ideal, o estudo geobiológico e de bio-habitabilidade teria apenas um carácter preventivo, mas muitas vezes tal não acontece e somos contactados em fases mais avançadas de determinada doença. Independente da gravidade, sejam simples cefaleias ou doenças oncológicas avançadas, orientamos sempre os nossos clientes a manterem os seus tratamentos médicos. A nossa intervenção passa por detetar e eliminar a eventual fonte contaminante que despoletou a doença. Só assim, unindo tratamentos médico-cirúrgicos com a eliminação da referida fonte geoambiental contaminante, é que poderemos obter a cura. Quando, por exemplo, um fumador desenvolve um cancro no pulmão, a primeira indicação médica é parar de fumar (fonte contaminante), certo? É o que a Habitat Saudável faz aos clientes, metaforicamente, retira-lhe o tabaco (as diversas fontes contaminantes que, eventualmente, podem estar presentes no interior dos espaços) para que os tratamentos médicos possam ter efeitos positivos.

 

Em suma, que medidas imprescindíveis todos os portugueses deveriam implementar nas suas casas, nas várias divisões, para reduzir o risco de desenvolver problemas de saúde?

Miguel Fernandes –  São vários e complexos os fatores, e cada caso é um caso, mas podemos referir pequenas mudanças a efetuar individualmente pelas pessoas:

– Retirar dos quartos todos os aparelhos eletrónicos e desligar o wi-fi à noite ou quando não necessitar (ou pelo menos retire, antes de dormir, das tomadas tudo o que é eletrónico – radiodespertador, tv, computador, telemóvel, ipad, etc.);

– Deixar o quarto, totalmente, escuro no horário de dormir;

– Ter camas/colchões de boa qualidade e feitas com materiais naturais;

– Abrir as janelas, pelo menos, uma vez por dia;

– Ter plantas naturais pela casa, inclusive nos quartos;

– Procurar ter a água sempre alcalina;

– Evitar, sempre que possível, a utilização de materiais sintéticos, substituindo-os por materiais mais naturais;

– Utilizar, sempre que possível, produtos de limpeza saudáveis de baixo teor de toxicidade; etc.

 

E como se podem proteger especificamente as crianças? Ou seja, que cuidados devem ser tidos nos quartos das mesmas?

Marcelina Guimarães – Na empresa Habitat Saudável, entendemos o quarto como o local mais importante da habitação. Neste sentido, quando escrevemos o livro, dedicamos um capítulo inteiramente a este tema, o qual denominamos por “Quarto, o templo sagrado”. E de facto este nome diz tudo…

 

Tendo em conta que o cérebro das crianças ainda está em etapas de desenvolvimento, onde o crânio é mais delgado e o cérebro menos denso e mais fluido do que o dos adultos, os cuidados a ter devem ser redobrados…

 

Independentemente da idade, os critérios a ter para um quarto saudável são sempre os mesmos. O rigor com que são aplicados é que deve aumentar no caso de se tratar de um quarto de criança.

 

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Fontes:

sapo

mood

 

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