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Portugal continua a ser recordista europeu a nível de incêndios
Ano após ano, Verão após Verão, as catástrofes multiplicam-se, os gritos de raiva ecoam e… nada se faz. No Verão seguinte volta tudo a acontecer e todos nos queixamos de novo. Pedimos mais meios, mais aviões, mais apoio aos bombeiros… mas poucos se concentram no problema de fundo… como resolver o problema de uma vez por todas?
A solução pode parecer radical. Pode até parecer impossível. No entanto, é a solução natural e colocá-la em prática seria devolver a Portugal a sua paisagem natural. E por quê? Porque Portugal nunca foi um país de pinheiros nem de eucaliptos.
Explicando…
A floresta portuguesa sofreu diversas alterações ao longo dos séculos. Há alguns milhões de anos atrás, por exemplo, a floresta de Portugal Continental era muito semelhante à floresta que hoje ainda persiste na Ilha da Madeira.
O clima começou a mudar e algumas espécies começaram a extinguir-se. Outras, mais resistentes ao calor e aos incêndios típicos do Verão (sim, já havia incêndios há milhares de anos) começaram a implantar-se em força no território nacional.
Com o passar dos séculos, a Natureza encarregou-se de fazer de Portugal um país rico em floresta resistente ao calor e aos incêndios. O que aconteceu entretanto? Aconteceu que o Homem alterou essa floresta.
Convém esclarecer que o pinheiro já existia em Portugal há uns séculos e era usado, sobretudo, na zona litoral, para conter o avanço das dunas. O famoso Pinhal de Leiria, mandado plantar por D. Dinis é disso um exemplo.
Apesar disso, o pinheiro sempre se limitou mais ao litoral do país. O resto era povoado por carvalhos, castanheiros, sobreiros, azinheiras, nogueiras, medronheiros, etc… A população convivia naturalmente com esses recursos naturais. Antes da chegada à Europa da batata, vinda da América, a castanha era a base da alimentação de grande parte da população, por exemplo.
A mancha florestal portuguesa sofreu uma queda acentuada com a chegada dos Descobrimentos. A necessidade do abate de árvores para a construção de naus e caravelas levou a uma devastação tão acentuada que, séculos mais tarde e até aos anos 30 do século passado, a floresta ocupava apenas 10% do território nacional. Estima-se, por exemplo, que mais de 5 milhões de carvalhos tenham sido abatidos para fornecer madeira para a construção das naus e caravelas. A machadada final deu-se com o abate de ainda mais árvores para fornecer madeira para as linhas de comboio.
Nos anos 30 do século XX, a paisagem portuguesa era desoladora, as montanhas estavam nuas ou apenas cobertas de mato, a floresta era quase inexistente. Foi então que, por iniciativa do governo, se procedeu à plantação massivo de pinheiro bravo em todo o norte e centro de Portugal Continental.
Como muita gente já deve ter percebido, os incêndios no Alentejo são muito raros. Por quê? Porque no Alentejo, a floresta continua a ser praticamente a original, constituída por sobreiros e azinheiras, resistentes ao fogo.
Décadas mais tarde, nos anos 80, dá-se início à plantação massiva de eucaliptos, espécie vinda da Austrália. A presença de eucaliptos cresceu a um ritmo alucinante devido ao seu elevado valor comercial para as empresas de celulose.
Estes dois erros cruciais, a plantação massiva de pinheiros nos anos 30 e a plantação massiva de eucaliptos nos anos 80, formaram a paisagem portuguesa tal como ela é hoje, sobretudo a norte e ao centro do país.
Foto:vortexmag.
O problema é que estas duas árvores não são típicas do território português nem estão preparadas para resistir a um incêndio. Em vez disso, são altamente inflamáveis e servem de combustível para as chamas avançarem ainda mais.
Podemos reclamar todos os anos e pedir mais apoio para os bombeiros, pedir mais meios aéreos para combater os incêndios, denunciar a corrupção e os negócios de quem ganha dinheiro quanto a floresta arde. Nada disso será uma solução a longo prazo.
A solução a longo prazo é olhar para os erros cometidos em larga escala quando se decidiu apostar no pinheiro e no eucalipto. A solução a longo prazo é olhar, por exemplo, para a Mata da Margaraça, perto da Serra do Açor. Deixamos aos nossos governantes o apelo: se têm uma visão de futuro para este país, vão ver a Mata da Margaraça e percebam que a solução é eliminar pinheiros e eucaliptos e voltar a fazer da floresta portuguesa aquilo que ela era há uns séculos atrás: uma imensa Mata da Margaraça, linda, verde, variada… e resistente a incêndios.
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De Vortexmag